Relações sintagmáticas e relações associativas

Ferdinand de Saussure

Curso de Linguística Geral

Segunda Parte

Linguística Sincrônica

Capítulo V

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  • 1. Definições

Na língua, tudo se baseia em relações. Elas, assim como as diferenças entre os termos linguísticos, se desenvolvem em duas esferas distintas, segundo Saussure, e, em cada uma delas, há uma ordem de valores. A primeira esfera está inserida no discurso e é a relação sintagmática, ou seja, o encadeamento dos termos na cadeia da fala. Isso exclui a possibilidade de se pronunciar dois elementos ao mesmo tempo, pois, para produzirem sentido, precisam da linearidade. A ordem de valores do sintagma está na oposição dos termos. A outra esfera está fora do discurso e é a relação associativa, isto é, a formação de grupos com algo em comum que se associam na memória. Cada uma dessas ordens dispõe de análises particulares.

  • 2. As relações sintagmáticas

A noção de sintagmas se aplica às palavras compostas e derivadas; membros de frase; frases inteiras. No entanto, dentro disso surge a primeira questão: possivelmente “a frase é o tipo por excelência de sintagma” (p.144), mas ela pertence à fala, não à língua. Dessa forma, o sintagma pertenceria então a fala? Saussure diz que há um grande número de expressões que pertencem à língua, que, em seu caráter, dependem de particularidades de suas significações ou de sua sintaxe. Elas não podem ser improvisadas, pois são fornecidas pela tradição.

Além disso, “cumpre atribuir à língua e não a fala todos os tipos de sintagmas construídos sobre formas regulares” (p.145), por exemplo: a palavra “declinável” proporciona a lembrança de um número eficiente de palavras semelhantes, como “imperdoável”, “intolerável”, “infatigável”, etc. Isto é, palavras, grupos de palavras, frases estão estabelecidos sobre padrões regulares. Mesmo assim, um grande número de casos na língua depende da liberdade individual, dificultando a classificação da combinação de unidades.

  • 3. As relações associativas.

A formação dos grupos por associações mentais aproxima não só termos que têm algo em comum, como também capta a relação que os unem em cada caso. Por exemplo, as palavras “ensinamento” pode se associar a “ensino”, “ensinar” pelo seu radical; no entanto, a mesma palavra pode gerar outro grupo associativo, o do sufixo, assim temos: “ensinamento”, “armamento”, “desfiguramento”, etc. Além disso, pode também se agrupar pela analogia dos significados: “ensinamento”, “aprendizagem”, “educação”. Então, segundo Saussure, “uma palavra qualquer pode sempre evocar tudo quanto seja suscetível de ser-lhe associado de uma maneira ou de outra” (p.146). Dessa forma, um termo pode ser considerado um ponto de convergência de uma constelação de outros termos.

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